Principais Fatores Que Influenciam a Produção de Arroz em Moçambique e África



O arroz é uma cultura produzida em Moçambique há cerca de 500 anos. Perto de 90% do arroz produzido em Moçambique provém de pequenos agricultores, os quais exploram menos de 0,5 hectares de terra e plantam arroz como cultura de subsistência, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE, 2010).

Segundo a (FAOSTAT, 2017), Moçambique sendo um dos países em desenvolvimento, o arroz é um dos principais alimentos da dieta, sendo responsável por fornecer, em média, 715 kcal per capita por dia, 27% dos carbohidratos, 20% das proteínas e 3% dos lipídios da alimentação. 

A FAO refere ainda que a produção de arroz a nível nacional tem estado a crescer nos últimos anos. Este crescimento tem como factores o aumento das áreas de produção, distribuição de sementes e utensílios de trabalho e condições climáticas.

Principais Factores que Afectam a Produção de Arroz

Factores Físicos-químicos

Como factores físico-químicos essenciais para o desenvolvimento e a produção do arroz, encontram-se o clima, solo, luz, água, temperatura, ventos, gases da atmosfera, humidade, e substâncias químicas do solo (NEVES, 2007).

Clima e solo

O arroz é cultivado numa faixa de grande amplitude, desde as regiões tropicais até as temperadas. A cultura do arroz se adapta aos mais variados climas, tendo como factores climáticos de maior importância a temperatura, a radiação e o fotoperíodo (NEVES, 2007).

O arroz pode crescer numa vasta gama de tipos de solo. Solos com boa capacidade de retenção da água são os mais indicados e, portanto, os solos argilosos com valores elevados de matéria orgânica são os ideais (GUIMARÃES et al., 2002).

Todavia, solos com elevado teor em limo são também adequados. Solos arenosos não são os melhores para a produção do arroz. O arroz desenvolve-se melhor em solos com pH ente 6 e 7, ou seja, solos de pH quase neutro, nem muito ácidos nem muito alcalinos. Contudo, o arroz da zona baixa pode ser cultivado em solos com valores de pH entre 4 (GUIMARÃES et al., 2002).

Temperatura

A temperatura é um dos elementos climáticos de maior importância para o crescimento, o desenvolvimento, e a produtividade do arroz. Cada fase fenológica da planta tem as suas temperaturas, crítica, óptima, mínima e máxima. A temperatura óptima para o desenvolvimento do arroz situa-se na faixa de 20 a 35 °C para a germinação, de 30 a 33 °C para a floração e de 20 a 25 °C para a maturação (ZANIN, 2012).

No arroz o período, ou seja, no emborrachamento, que ocorre dias antes do florescimento é o mais sensível á baixas temperaturas. A faixa crítica de temperatura que pode induzir esterilidade no arroz é de 15 a 17°C para os genótipos tolerantes ao frio, e de 17 a 19°C para os mais sensíveis. 

ocorrência de altas temperaturas diurnas (superiores a 35°C) também pode causar esterilidade de espiguetas. A fase mais sensível do arroz a altas temperaturas é a floração (ZANIN, 2012).

Radiação solar e Fotoperíodo

A radiação afecta a diferenciação da panícula e a floração, afectando o número de grãos por panícula. Da floração até a maturação há uma relação linear positiva entre a radiação solar e a produtividade de grãos A planta do arroz também é afectada pelo fotoperíodo, sendo o intervalo de luz de 9 a 10 horas o mais favorável (SOSBAI, 2010).

A planta de arroz, segundo sua reação ao fotoperíodo, pode ser classificada de acordo com em: Insensível: quando a fase sensível ao fotoperíodo é curta (inferior a 30 dias) e a fase vegetativa básica varia de curta a longa; Pouco sensível: aumento acentuado no ciclo da planta quando o fotoperíodo é maior do que 12 horas; a duração da fase sensível ao fotoperíodo pode exceder 30 dias mas a floração irá ocorrer em qualquer fotoperíodo longo; e Muito sensível: grande aumento no ciclo com o incremento no fotoperíodo; não há florescimento além do fotoperíodo crítico; a fase vegetativa básica é, normalmente, pequena (não mais do que 40 dias) (GUIMARÃES et al., 2002).

Água

O arroz é planta hidrófila, gosta de água, por isso, as culturas irrigadas são as mais desejáveis. As várzeas melhores são aquelas que oferecem um subsolo impermeável, a uns 20 a 25 cm da superfície, porque elas possibilitam grande economia da água necessária (TIVANE, 2013).

De modo geral, a deficiência hídrica não reduz severamente a produtividade quando ocorre na fase vegetativa do arroz, seu efeito é severo quando ocorre durante a fase reprodutiva, especialmente quando ocorre no período da divisão da célula-mãe do pólen (meiose) e o florescimento. 

O efeito da deficiência hídrica na produtividade dá-se pela interferência nos processos fotossintéticos, transporte de carbohidratos, redução de índice de área foliar, inibição da emissão das panículas, esterilidade de espiguetas (GUIMARÃES et al., 2002).

Vento e Humudade relativa

A planta de arroz precisa de velocidades baixas do vento para repor o suprimento de CO2. Dependendo, das intensidades do vento, podem ocorrer diminuições na humidade relativa do ar afectando a polinização (CUNHA, 1999). De acordo com SUNIL, 2005 (apud SRIDEVI e CHELLAMATHU, 2015), altas velocidades do vento durante a fase de perfilhamento activo afecta negativamente a formação de panículas. 

Segundo LENKA (2000) (apud SRIDEVI e CHELLAMATHU, 2015) variedades de arroz com cerca de 88 cm de altura acamam quando submetidas a velocidades do vento de 8-9 Km/h. UCHIJIMA (s/d) notou em seu estudo que à velocidade do vento de 0.01 km/h, o nível de realização da fotossíntese eram baixos, sendo que velocidades abaixo de 0.01 km/h elevavam a taxa fotossintética.

De acordo com HIRAI et al., (2000), altas humidades relativas durante a luz conduzem a um aumento na taxa de área foliar, número de raízes, comprimento da raiz, produção da matéria seca, número de folhas, altura da planta, largura e comprimento da lâmina foliar. 

A matéria seca produzida aumenta quando a humidade relativa é alta durante na luz e baixa no escuro e segundo RATHNAYAKE et al., (2016), a óptima humidade relativa para a produção do arroz se situa entre 60 a 80% durante todo o seu ciclo.

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