Secagem Convencional da Madeira Serrada de Brachystegia spiciformis (Benth) na Empresa Levasflor lda., para fins de Exportação (TCC, Rosita Chemane)

Introdução

A água é um elemento fundamental para o crescimento e desenvolvimento adequado de uma árvore, sua presença garante a distribuição do “alimento”, por toda a estrutura e é condição essencial para a manutenção da vida (Luís, 2014).

Segundo Vitória (2012), quando se abate a árvore, a humidade torna-se um problema, e para evitar os prejuízos por ela trazidos, como o ataque de fungos, ou gastos muito alto com transportes, a solução é a secagem da madeira, que pode ser natural, ou ao ar livre, artificial, ou em estufas convencionais, que é realizada com temperatura adequada.

A busca da eficiência no processo de secagem da madeira é fundamental para evitar prejuízos, levando em consideração seu alto custo de aplicação e manutenção, vale salientar que um processo de secagem bem realizado e controlado agrega muito valor ao produto final (Klitzke, 2007). A secagem da madeira é o processo da redução do seu teor de humidade a fim de levá-la a um teor de humidade definido, com o mínimo de defeitos, no menor tempo possível e de uma forma economicamente viável, para o uso a que se destina (Ivaldo e Jankowsky, 2013).

Portanto, a secagem deve ser tratada com muito critério e executada com a maior eficiência possível, pois proporciona, entre outras vantagens, melhoria das características da trabalhabilidade e redução tanto da movimentação dimensional como da possibilidade de ataque de fungos e insectos e, também isto implicará directamente na redução de custos de produção e na qualidade do produto final.

Brachystegia spiciformis (Benth) é uma espécie madeireira pertencente a segunda classe em Moçambique, devido as suas propriedades mecânicas e tecnológicas é utilizado na construção civil e entre outros. Segundo os dados do último relatório do inventário florestal nacional, a Brachystegia spiciformis faz parte das cinco (5) espécies arbóreas com maior contributo para o volume total e comercial de cada tipo florestal, nomeadamente Floresta Semi-Decídua Incluindo Miombo, Floresta Semi-Sempe Verde Incluindo Galerias e Mecrusse, sendo que teve comparticipação no volume total e comercial nas províncias de Zambézia, Tete, Niassa, Inhambane, Sofala e Manica. Dentre estas, na província de Sofala destacou-se em primeiro lugar com uma comparticipação no volume total e comercial de 33 e 36%, respectivamente (MITADER, 2018).

Quanto à secagem da madeira da espécie Brachystegia spciformis (Benth), há poucos relatos na literatura sobre seu comportamento, deste modo, a aplicação de métodos para secar a madeira conferem relevância científica para a espécie. O levantamento de informações se faz necessário para verificar o tempo e a qualidade da madeira após a perca de humidade. Portanto o presente trabalho pretende avaliar o uso da estufa a vapor da água na qualidade de secagem da madeira serrada da espécie na empresa LevasFlor Lda., Cheringoma, Província de Sofala.

Problema e Justificativa

O processo de secagem é uma fase de grande importância nos processos de transformação da madeira em produtos, permite adequar a madeira a uma humidade final apropriada, minimizando-se a movimentação dimensional proveniente das mudanças ambientais que ocorrem durante a sua utilização (Rezende et al; 2015).

Em Moçambique são cerca de 23 espécies exploradas, destas somente 5 são as mais preferidas, tanto em trabalhos de alto valor na construção civil como na produção de móveis, nomeadamente: Pterocarpus angolensis (Dc), Millettia stuhlmannii (Taub.), Afzelia quanzensis (Welw), Androstachys johnsonii (Prain) e Khaya anthotheca (Welw.). O grupo das Messassas (Brachystegia sp e Julbernardia globiflora) tem sido experimentado em aplicações estruturais, contudo ainda com pouca aceitabilidade devido a dificuldades de tratamento contra insectos e secagem, também têm sido reportadas como as únicas que poderiam justificar investimentos em escala maior na indústria florestal nativa (Cuambe, 2005).

Os padrões de qualidade exigidos pelo mercado consumidor tendem a ser cada vez maiores, exigindo madeira seca a teores de humidade desejado. Para tal, o entendimento da secagem é fundamental para o desenvolvimento da indústria de produtos de madeira, sendo impossível a obtenção de produtos com qualidade de nível internacional, se a madeira não é seca adequadamente torna-se uma condição determinante para o fracasso desta operação comercial (Klitzke 2009, citado por Gulamo, 2015). A dificuldade de se obter madeira seca com qualidade é um dos maiores desafios quando se trata da secagem da madeira da espécie Brachystegia spciformis.

O conhecimento das propriedades da madeira é fundamental para se garantir a qualidade do produto final e optimização do uso da matéria-prima, principalmente quando se refere ao uso de espécies alternativas (pouco conhecidas no mercado), que apresentam diversidade em características mecânicas e tecnológicas (Bila, 2020). O uso da Messassa com alto teor de humidade têm trazido grandes problemas para os fabricantes de produtos dessa madeira, como por exemplo a fixação de verniz, colocação da cola, variação dimensional e a trabalhabilidade da madeira.

Deste modo, torna-se importante no momento actual, avaliar os procedimentos tecnológicos e os conhecimentos sobre a secagem na estufa a vapor de água quente disponíveis na indústria madeireira da LevasFlor Lda., com vista a propor métodos para melhorar o processo de secagem da espécie Brachystegia spiciformis, garantindo um produto final de boa qualidade, minimizando os defeitos em curto período de tempo aos utilizadores deste produto e ferramentas necessárias para a secagem desta espécie em condições favoráveis, podendo melhorar o seu produto final e em simultâneo a rentabilidade dos seus investimentos.

Resumo

O processo de secagem da madeira é uma fase de grande importância para as indústrias de transformação de madeira em produtos, pois permite adequar a madeira a uma humidade final apropriada, minimizando-se a movimentação dimensional proveniente das mudanças ambientais que ocorrem durante a sua utilização. O presente estudo foi desenvolvido na serração da empresa LevasFlor Lda., com o objectivo de avaliar a eficiência no uso da estufa a vapor da água na qualidade de secagem da madeira serrada da espécie Brachystegia spiciformis (Messassa). 

Para o alcance desse objectivo, foram submetidos a secagem dois lotes de tábuas numa estufa que funciona a base do vapor de água com as seguintes dimensões, lote A com 27mm, 135mm e B 27mm, 135mm correspondente a espessura, largura respectivamente e com comprimento variável e, foram usados os dois lotes para monitoramento do teor de humidade e para avaliação de defeitos. 

Foram utilizados os seguintes critérios para avaliação da qualidade de secagem: i) condições da estufa e do equipamento usado, ii) humidade final, iii) velocidade de secagem e iv) defeitos pós-secagem. As peças apresentaram teor de humidade final para o lote A de 12% e para o lote de 11.8% e, estufa apresenta condições e equipamentos usados no processo de secagem bons e seguros que não influenciam negativamente na qualidade de secagem. 

Quanto aos defeitos, o lote A apresentou maior número de peças defeituosas correspondentes á 68%, em relação ao lote B que apresentou um total de 34%. A incidência de defeitos na madeira não pode ser justificada pela velocidade de secagem pois a relação entre ambos não é estatisticamente significativa, portanto, a ocorrência de defeitos na madeira serrada de Brachystegia spiciformis durante a secagem deve-se a influência de outros factores tais como, a temperatura, humidade, precipitação, tamanho das ripas, experiencia dos operários, entre outros factores que actua durante a secagem.



Palavras-chave:

Secagem da Madeira, Brachystegia spiciformis, Teor de Humidade, Defeitos.

Autora: Rosita Chemane

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