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Composição e estrutura fitossociológica da floresta de montanha no monte Morué, distrito de Mocuba, província da Zambézia (TCC, Pedro Monjane)



A biodiversidade está concentrada, principalmente, nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, que por sua vez, as florestas cobriam cerca de 31,7% da superfície terrestre sendo que, aproximadamente, 39,1% era ocupado por florestas tropicais (Constanza et al., 1997).

De acordo com o mesmo autor, os países que concentram a maior diversidade do planeta em ordem decrescente são: Brasil, Indonésia, Colômbia, Austrália, México, Madagascar, Peru, China, Filipinas, índia, Equador e Venezuela. Esses países de maior diversidade representam 70% da diversidade biológica mundial. Entre os 12 países, 5 estão localizados na América do Sul, sendo que Brasil é apontado como o maior centro de diversidade concentrando cerca de 15 a 20% de diversidade (MMA, 2000).

As montanhas constituem um quinto da paisagem do mundo e cerca de 2 bilhões de pessoas dependem dos seus ecossistemas para a obtenção de alimentos, madeira, combustível e minerais. Cerca de 80% da água doce do nosso planeta se origina nas montanhas. Em África, as florestas de montanha exercem multiplas funções económicas, ambientais, sociais e culturais (Schumacher et al., 2005).

Moçambique é um dos poucos países na região da África Austral que ainda mantém uma proporção considerável da sua área coberta com florestas nativas. Ao mesmo tempo, é um dos países mais pobres do mundo, com uma elevada taxa de desmatamento e degradação de florestas. Para garantir uma utilização racional dos recursos florestais é necessário ter conhecimento básico e científico da ecologia como as estruturas horizontais e verticais e as condições do sítio (Lamprecht, 1990).

Moçambique é um dos poucos países na região da África Austral que ainda mantém uma proporção considerável da sua área coberta com florestas nativas. Ao mesmo tempo, é um dos países mais pobres do mundo, com uma elevada taxa de desmatamento e degradação de florestas. Para garantir uma utilização racional dos recursos florestais é necessário ter conhecimento básico e científico da ecologia como as estruturas horizontais e verticais e as condições do sítio (Lamprecht, 1990).

A grande diversidade de florestas de Moçambique é pouco conhecida. Alguns estudos estimam que dois terços das florestas de Moçambique são compostas por Florestas de Miombo, e que ocupam a maioria da região norte e parte da região centro e Floresta de Mopane, que ocupa a área do Limpopo até ao alto do Vale do Zambeze. Cada uma destas florestas cumpre um papel crucial para as comunidades rurais quem delas obtêm, vários produtos para sua subsistência, além das florestas contribuírem também com seu bem-estar culturais e espirituais (Schorn, 2006).

A vegetação não varia somente com a composição florística, mas com a riqueza de espécies, produtividade (estrutura) e grau de predominância de cada espécie (Austin e Greig-Smith, 1968). A fitossociologia, como ciência, é uma área muito ampla e complexa, pois estuda o agrupamento das plantas bem como sua inter-relação e dependência aos factores bióticos em determinado ambiente (Braun-Blanquet, 1979).

Para Nappo et al. (1999), estudos fitossociológicos possuem um papel importante nos programas de gestão ambiental, como nas áreas de maneio e recuperação de áreas degradadas tento como finalidade o esclarecimento de aspectos relacionados à estruturação espacial e as relações mantidas entre os indivíduos duma comunidade vegetal.

Problema e Justificativa

A procura de combustível lenhoso, expansão urbana, aumento de áreas agrícolas e pecuária, procura de recursos madeireiros, bem como queimadas descontroladas para abertura de machambas e caça tem vindo a intensificar nos últimos anos, o que culmina com a destruição da vegetação nas florestas (FAO, 2007).

Segundo Andrade (2005) e Kalaba et al. (2013), a conservação da biodiversidade representa um dos maiores desafios, em função do elevado nível de perturbações antrópicas dos ecossistemas naturais, o que propõe-se buscar, nessas mesmas áreas de estudos, novos parâmetros dentro da fitossociologia no sentido de gerar um conjunto de conhecimentos sobre a diversidade, a estrutura, a dinâmica e, sobre as probabilidades de interações interespecífica duma floresta.

A exploração desordenada de recursos sem base científica a respeito da composição florística, estrutura fitossociológica, padrão de distribuição espacial e o dinamismo das espécies pode acarretar consequências graves para a comunidade florestal (Silvestre, 2012). O uso irracional dos recursos florestais, modifica de forma drástica o ambiente florestal e o padrão de espaçamento das árvores, o que de certa forma influência na dinâmica de regimes de floração, frutificação e produção de sementes. A mudança do padrão espacial das espécies florestais também pode alterar a relação reprodutiva entre indivíduos trazendo consigo consequências desconhecidas para o futuro das espécies que se inter-relacionam na região (Rossi, 1994).

A floresta nativa de montanha do Monte Morué é afectado pela sobre-exploração dos recursos florestais típica da zona. Associado a este facto, Ribeiro et al. (2002), sustenta que é comum a ocorrência de queimadas frequentes causadas essencialmente pela actividade de exploração de carvão vegetal, agricultura itinerante e caça às ratazanas para alimentação da população local.

De acordo com FAO (1997), o desenvolvimento desses actividades económicas têm originado uma grande pressão sobre o ecossistema. Entretanto, seus recursos associados a este cenário é agravado pelo uso irracional dos recursos florestais, que posteriorimente modifica de forma drástica o ambiente florestal (Rossi 1994).

No entanto, Felfili e Silva Júnior (2001), afirmam que o conhecimento sobre composição florística, estrutura fitossociológica, padrão de distribuição espacial e o dinamismo das espécies são de grande importância para avaliar os impactos antrópicos, planear a criação de unidades de conservação ou aplicação de projectos correctos de maneio florestal, assim como o aproveitamento permanente e a adopção de técnicas de gestão.

Pelo facto das florestas serem um complexo dinâmico em contínua mudança, é necessário estudar estas mudanças a fim de ter informações importantes para a tomada de decisão futura e face às perspectivas cada vez mais notáveis de esgotamento ressalta-se a necessidade de repensar o processo de desenvolvimento de forma a não comprometer o atendimento à demanda das gerações futuras, atentando para a redução da pressão sobre a floresta tropical nativa, optando-se por uma gestação sustentável dos recursos florestais (Hamilton et al., 2000).

Neste contexto, o presente trabalho visa avaliar a composição e estrutura fitossociológica duma floresta nativa do monte Morué, o que permitirá desenhar estratégias que visam a promover, apoiar, coordenar actividades de maneio florestal, assim como o aproveitamento permanente e a adopção de técnicas de gestão junto com as comunidades locais.

Resumo

A exploração desordenada de recursos florestais sem base científica a respeito da composição e estrutura fitossociológica das espécies pode acarretar consequências graves ao ecossistema. Com isso, o presente estudo teve como objectivo avaliar a composição e estrutura fitossociológica da floresta de montanha no Monte Morué, Distrito de Mocuba, Província da Zambézia. 

Para o efeito, foi realizado um inventário florestal numa área total de 216,42 ha, através de amostragem aleatória estratificada que resultou em 3 tipos de cobertura vegetal. Para o levantamento da vegetação foram instaladas 50 unidades amostrais de 20 x 10 m, onde foram medidos todos os indivíduos arbóreos com CAP ≥ 30 cm e as espécies com CAP < 30 cm e altura ≥ 1 m foram apenas registadas. 

Os resultados mostraram que, foram observados um total de 899 indivíduos correspondente a 26 espécies pertencentes a 10 famílias botânicas e 15 gêneros, entre as quais as famílias botânicas mais ricas foram Fabaceae e Apocynaceae. A Brachystegia spiciformis foi a mais representativa com maior densidade e dominância, seguido das espécies Millettia stuhlmannii, Holarrhema pubescens, Pterocarpus angolensis, Diplorhynchus condylocarpon e Ziziphus maurituana lam. 

O resultado do índice de Shannon variou de 2,25 para cobertura densa a 2,10 para moderada e 2,00 para baixa e a equabilidade variou de 0,53 para cobertura densa a 0,48 para moderada e 0,36 para a baixa. A distribuição diamétrica dos indivíduos foi representada por um “J-invertido”, exceptuando a cobertura densa. O padrão de distribuição agregado foi maior em todas as cobertura vegetais com valores de maior representatividade com 90,04%. Em diferentes coberturas vegetais notou-se a existência de maior número de árvores no estrato médio desse modo, tendo obtido a altura dominante de 16 m em toda área amostrada.

Palavras-chave:

Composição, fitossociológia; distribuição espacial; floresta de montanha.

Autor: Pedro Monjane

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