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Avaliação da produção de réguas de parquets na indústria Colosso lda., no Distrito de Nicoadala, Província da Zambézia (TCC, Paiva Dinis)


A madeira é o único recurso natural renovável com propriedades estruturais e um dos materiais mais resistentes por unidade de peso. Além disso, é fácil de se trabalhar, resultando em grande diversidade de formas e secções. Por ser relativamente leve, implica em baixo custo de transporte e montagem, e por ser biodegradável, os seus resíduos podem ser totalmente aproveitados (Melo, 2002).

As características da madeira permitem que ela seja utilizada, ao longo da história humana, por vários povos na construção de seus abrigos e de suas moradias. Todavia, seu emprego passou por processos nem sempre lineares de evolução tecnológica (Benevente, 1995).

Decorrente do avanço das técnicas de emprego da madeira, ela tornou-se uma matéria- prima versátil capaz de ser base para um grande número de produtos, tais como: celulose, papel, energia, taninos, resinas, madeira serrada, madeira roliça e chapas de madeira reconstituída à base de fibras, partículas, parquets, réguas de parquets e lâminas (Fagundes, 2003).

Moçambique é um dos poucos países na região da África Austral que possui uma área considerável de floresta nativa. Estima-se que existem cerca de 40 milhões de hectares de floresta do tipo Miombo aproximadamente, a 51% da superfície do país, com maior destaque para as províncias, em ordem decrescente com maior cobertura florestal são Zambézia, Niassa, Tete, Cabo Delgado e Gaza (ME, 2013).

A província da Zambézia sempre ocupou um lugar relevante no tocante a indústria madeireira no País, representando 10% (18 indústrias) de 178 indústrias existentes a nível nacional no ano de 2005 (DNFFB, 2005). Deste modo o nível de industrialização da Província da Zambézia teve uma grande subida atingindo 70 indústrias florestais sendo a segunda província mais industrializada no sector, só superada com a de Gaza com 139 indústrias, e Sofala com 62 e Maputo com 52 indústrias (SPFFBZ, 2018).

Segundo Donato (2013), a utilização racional da madeira como matéria-prima implica a padronização de suas características, seja para celulose, carvão vegetal, madeira serrada, parquets, dentre outros, o que garante maior eficiência de conversão.

O desenvolvimento da tecnologia de produção de madeira serrada ainda requer um esforço de vários ramos da pesquisa, com atenção a questões que variam desde a escolha de espécies mais adequadas, exploração adequada e tecnologia de processamento do desdobro e de secagem apropriados. Desta forma poderá se utilizar todo o potencial de madeiras, reduzindo as perdas ou sobras do processo de produção, podendo vir a atender a demanda de mercado por madeiras de qualidade e reduzindo as pressões sobre florestas nativas.

O processamento industrial da madeira gera sobras e resíduos que precisam ser adequadamente gerenciados. Ainda que possam ser biologicamente degradados, a concentração destes resíduos em um determinado local, sua deposição ou queima podem causar impactos ambientais negativos. Estes restos do processamento da madeira poderão ser aproveitados como material produtor de energia, biologicamente degradados ou serem novamente incorporados no processo produtivo de outros produtos tais como celulose, painéis e chapas de madeira reconstituída (John, 2000).

Problema e justificativa

Em Moçambique, a madeira serrada, parquets, contraplacados, folheados e travessas, são os principais produtos processados nas indústrias madeireiras, com maior destaque para a madeira serrada e parquets (Benjamim, 2013). Entretanto o Parquet é um tipo de piso de madeira bastante presente principalmente em casas e apartamentos mais antigos, cujo modelo é caracterizado por pequenas peças que formam desenhos geométricos, muito decorativo e durável (Chitará, 2003).

Analisando os dados do volume de produtos processados na província da Zambézia, no último quinquénio, verifica-se uma tendência decrescente do volume de processamento de Parquets quando comparado a outros produtos de madeira serrada. Dados dos SPFFBZ (2018), referem que os maiores volumes processados pertencem a Pranchas (56%), Tábuas (24%), Barrotes (11%) e com menor volume ocupam os Parquets (9%). De acordo com a mesma fonte, cenário contrário verifica-se no volume de exportação onde os Parquets aparecem em 18% seguido de Pranchas com 73% como o principal produto exportado nos últimos anos.

Portanto, no cenário actual, os Parquets são pouco processados e a pequena quantidade processada é quase toda destinada a exportação, revelando duas situações preocupantes, sendo por um lado, baixos e decrescentes níveis de produção de parquets pelas indústrias e, por outro lado, baixos níveis de consumo deste produto no mercado interno. A título de exemplo, INE (2007), demostra que 1.7% das habitações existentes na cidade capital da província da Zambézia (Quelimane) usam pisos de parquets.

Actualmente, das 70 indústrias florestais existentes na província, apenas 3 (4%) produzem parquets. No ano 2018 foram produzidos 2.328 m3 e exportados 1.926m3 de parquets para outros países, principalmente a China e Ilhas Mauricias (SPFFZ, 2018).

Contudo, estudos inerentes a indústria florestal focados na produção de madeira serrada têm dado pouca atenção a produção de parquets. Daí que surge a presente pesquisa como forma de colher evidência técnicas do processo de produção de parquets e, por conseguinte, contribuir para uma produção mais eficiente deste produto, estimulando o aumento do consumo no mercado interno, particularmente na Província da Zambézia, tomando como base a Indústria Sociedade Comercial Colosso Lda.

Resumo

O presente trabalho foi desenvolvido na Indústria Florestal Sociedade Comercial Colosso Lda. localizada no distrito de Nicoadala, com o objectivo de avaliar a produção de réguas de parquets. Para tal, com auxílio de uma fita métrica efectuou-se um levantamento de dados, onde foram mensurados toros antes da serragem e após a traçagem das peças de madeira para réguas de parquets, e de seguida foram agrupados os dados em classes de diâmetro e comprimentos (36-43 cm, 43-50 cm, 50-57 cm, 57- 64 cm, 64-71 cm, 71-78 cm, 78-84 cm), e (0,5-0,9 cm - curto, 1-1,9 cm – médio e 2 cm até mais - longo) respectivamente. 

Foram avaliados como parâmetros o rendimento volumétrico, a eficiência técnica de conversão e a gestão de tempo. Os resultados obtidos revelam que a produção de réguas na indústria Colosso teve um rendimento médio de 34% para classes de diâmetro e 20% para classes de comprimento. Para a eficiência técnica de conversão registou-se uma média de 0,39 m3/operário/turno. Quanto ao tempo produtivo, verificou-se um aproveitamento médio de 88% do tempo gasto na produção.

O rendimento e a eficiência são baixos, porém aceitáveis, tendo em conta a complexibilidade da produção de réguas de parquets, contudo, o aproveitamento do tempo de produção é satisfatório, devido a boa gestão de tempo por parte da indústria.



Palavras-chave:
Réguas de parquets, rendimento volumétrico, eficiência técnica de conversão e gestão de tempo.

Autor: Paiva Alberto Dinís

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