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Avaliação de impactos sócio-ambientais advindos do desflorestamento no posto administrativo de Unango (TCC, Arcénia Manhique)



A área florestal continua a diminuir no mundo, actualmente, as florestas ocupam 4,06 bilhões de hectares, o que equivale a 31% da área terrestre do planeta e foram perdidos 178 milhões de hectares nos últimos 30 anos, (FAO, 2020).

Moçambique é um país com uma extensão de florestas estimadas em cerca de 34 milhões de hectares, representando cerca de 41% do território moçambicano. As florestas têm um papel importante na regulação do regime hídrico, fluxo de energia nos ecossistemas, conservação do património genético natural que garante a biodiversidade das espécies, bem como outros produtos e serviços que beneficiam o Homem (MITADER, 2018).

No terceiro Inventário Florestal Nacional realizado em 2018, os dados do desflorestamento para o período compreendido entre 1990 e 2002, mostraram que o país perdia anualmente cerca de 219 000 hectares de florestas, com uma taxa de 0,58%. As causas mais comuns para a ocorrência do desflorestamento da área florestal no país são: expansão de novas áreas para a prática de agricultura de subsistência, exploração florestal para a produção de madeira e abate de árvores para a produção de carvão e lenha (MITADER, 2018a).

Nhantumbo (2018), afirma que o desmatamento é uma das principais causas do aumento de emissões de gases de efeitos de estufa. Por conseguinte, é importante capitalizar as informações, ainda que não quantificadas, sobre um dado distrito que seja referência em termos de apresentação de cenários de desmatamento.

O desmatamento é promovido pelo homem e suas consequências afectam o habitat local, causando um desequilíbrio na cadeia alimentar e danos nas actividades económicas que se baseia na caça e pesca. Além de interferir no equilíbrio climático da qual a cobertura vegetal facilita drenagem, segurando o deslizamento de terra (Falcão; Noa, 2016 citado por Castro, 2021).

O país possui 7 milhões hectares do seu território com potencial para plantações as acções de reflorestamento realizadas no país são muito inferiores às áreas desmatadas. Entre 2009 e 2018, a área reflorestada correspondeu a apenas 9% da área desmatada. As acções de reflorestamento têm decrescido nos últimos anos, tendo-se atingido, em 2014, a maior taxa de reflorestamento (23,7%), comparativamente à área desmatada em todo o país. A província do Niassa (a quarta mais desmatada no país) é a mais reflorestada entre 2009 e 2018, sendo Gaza (a província menos desmatada no país) a província menos reflorestada (Chandamela, 2021).

Problema e Justificativa

O Distrito de Sanga é alvo de várias actividades antrópicas, que de certa forma tendem a degradar os ecossistemas podendo comprometer as gerações futuras. A agricultura é a actividade que mais se destaca, sendo praticada por quase todos os agregados familiares, a exploração florestal para obtenção de material de construção para suas habitações e fontes de energia (lenha e carvão) também é outra actividade que deixa claro a dependência da população pelos recursos florestais, contribuindo para que as comunidades recorram a prática de actividades que possam ocasionar o desflorestamento (Eduardo, 2016), tornando a situação mais preocupante, pois além do consumo de energia de biomassa, estes produzem também para a comercialização, acelerando assim o desflorestamento.

A agricultura itinerante é a maior causa do desmatamento, devido à necessidade constante de abertura de novos campos agrícolas, motivada pelo baixo rendimento das explorações agrícolas e pelo crescimento populacional (Machava, 2020).

Com o aumento da população no Posto Administrativo de Unango, há maior pressão sobre os recursos florestais e faunísticos que leva a intensificação dessas actividades bem como a realização desregrada das mesmas, conduzindo-nos a uma situação alarmante quando se decide em manter os ecossistemas de comunidades vegetais, acelerando o desmatamento e a degradação dos ecossistemas florestais, comprometendo a sucessão das florestas, o seu bem-estar, bem como a vida das comunidades que dependem dos recursos florestais para a sua subsistência. Desta maneira surge a questãoː Quais são os impactos sócio-ambientais que o desflorestamento trás ao Posto Administrativo de Unango?

As florestas fornecem serviços ao ecossistema de valor local e global. Estes incluem a regulação do clima através da captura e armazenamento de carbono, protecção das bacias hidrográficas através do controlo da erosão do solo, qualidade e quantidade da água, bem como o habitat para espécies a nível global ((MICOA, 2012).

Com a perda de florestas, as comunidades locais perdem o acesso aos produtos florestais dos quais dependem, reduzindo a sua resiliência ao impacto climático e aos fluxos de água que as florestas regulam. A receita nacional diminui devido ao subaproveitamento dos recursos florestais: oportunidades de uso sustentável (como turismo baseado na natureza ou gestão sustentável da floresta) são reduzidas, enquanto actividades ilegais fazem com que as tão necessárias receitas do estado sejam desviadas (Aquino, 2018).

O desflorestamento em Moçambique está associado a forte dependência da população em relação aos recursos naturais, visto que cerca de 80% da população total depende dos recursos florestais para sua subsistência (Machava, 2020).

A comunidade do Posto Administrativo de Unango é dependente dos recursos naturais para a satisfação de suas necessidades a partir da obtenção de madeira, habitação, alimentação, medicamento para o tratamento de diversas doenças, locais para cultos sagrados. bem como valores monetários e na mesma perspectiva há pressão sobre os mesmos recursos e essa pesquisa ajudará na obtenção dos resultados a curto, médio e longo prazo de forma a contribuir para implementação de medidas mitigadoras para a redução das taxas de desflorestamento no Posto Administrativo de Unango. 

Elaboração de propostas de planos de reabilitação de ecom vista a evitar a extinção da biodiversidade garantindo deste modo a conservação dos ecossistemas florestais no Posto Administrativo de Unango, irá também contribuir para o sucesso na recuperação de áreas perturbadas

Resumo

Com vista a avaliar os impactos sócio-ambientais advindos do desflorestamento no Posto Administrativo de Unango, foi realizado um estudo nas comunidades de Mapudje, Miala e Unango-sede. Para alcançar o propósito, foram usadas as entrevistas semi-estruturadas, observação directa e revisão bibliográficas, para recolha de dados. Assim, foram entrevistadas 203 pessoas nas 3 comunidades, os entrevistados foram seleccionados com base na amostragem por acessibilidade ou por convivência. 

Os resultados mostraram que a causa de desmatamento que mais gera impacto ambiental de acordo com as informações recolhidas com a comunidade local é a agricultura, praticada por 70% das pessoas entrevistadas nas 3 comunidades em estudo. Os impactos ambientais advindos do desmatamento no Posto de Administrativo nas três comunidades em estudo são mudanças climáticas, desaparecimento da flora e fauna bravia e, degradação de solos. Um dos maiores impactos ambientais decorrentes do desmatamento, no Posto Administrativo de Unango é o desaparecimento da flora e da fauna bravia com uma representação de 64% nas três comunidades em estudo. 

Das actividades antrópicas praticadas no Posto Administrativo de Unango a agricultura continua sendo a actividade mais apontada como a principal causa do desmatamento e degradação florestal por ser a actividade mais praticada no Posto Administrativo de Unango, sendo praticada por 93% das pessoas. As actividades económicas baseadas na transformação dos recursos naturais ou da terra, como são os casos da agricultura e produção de carvão vegetal, são praticadas na área em estudo, embora umas de forma mais expressiva que a outra. No entanto, o recurso a práticas insustentáveis estimula a mudança acelerada de cobertura e uso de terra, com implicações no aumento de emissões do desmatamento e degradação florestal, elemento causador das mudanças climática.

Palavras-chave:

Degradação ambiental, Degradação florestal, Actividades sócioeconómicas..

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