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Uso de Geotecnologias na determinação de áreas prioritárias para o restabelecimento da cobertura florestal. ESTUDO DE CASO: Rio Licungo, Mocuba (TCC, Armindo Mavehe)


As formações florestais localizadas nas margens de rios, lagos, nascentes e demais cursos de água são conhecidas por matas ciliares, desempenham importante função ambiental, mais especificamente na manutenção da qualidade de água, estabilidade dos solos das áreas marginais, regularização do regime hídrico e ainda formam verdadeiros corredores para manutenção da fauna, assim como para dispersão vegetal (Barbosa, 2006).

Estas por sua vez proporcionam corredores para as espécies florestais, os quais desempenham um papel chave para a conservação da diversidade das espécies (Meyer et al., 2004). Os recursos naturais que se encontram nestes ecossistemas também são importantes para o Homem (Mitjans, 2012).

As florestas ribeirinhas, fazem parte das áreas proibidas de exploração, no entanto vêm sendo continuamente destruída, principalmente, em função das actividades agro-pecuárias, do aumento da demanda do carvão vegetal, da expansão imobiliária o que contribui para o assoreamento, aumento da turbidez das águas, desequilíbrio do regime das cheias, e a erosão das margens de grande número de cursos de água, além do comprometimento da fauna (Meyer et al., 2004).

Sendo assim, pode-se considerar que o meio se transforma à medida que o fluxo de acções antrópicas supera o fluxo de acções naturais, esse fluxo de acções antrópicas em ritmo acelerado provoca degradação ambiental, responsável por alterar as condições naturais de fauna e flora, do clima e do solo, e actualmente essa degradação está atingindo de modo intensivo as Áreas de Preservação Permanente (APP’s) (Bergamasco e Araújo, 2012).

Com tudo, a importância das florestas ao longo de rios fundamenta-se no amplo aspecto de benefícios que a vegetação trás na protecção da mesma, exercendo função protectora sobre os recursos naturais (Primo e Vaz, 2006). Como finalidade prática, os resultados desse trabalho podem subsidiar a tomada de decisão na alocação de recursos destinados ao restabelecimento da cobertura florestal nativa do rio Licungo, e assim servir como elemento de remediação do quadro de degradação dos recursos hídricos da bacia.

Problema e justificativa

As florestas ribeirinhas são formações florestais, localizadas nas margens dos rios, lagos, represas e nascentes consideradas pelo REGULAMENTO DA LEI DE TERRAS como áreas de preservação permanente, com diversas funções ambientais, devendo respeitar uma extensão específica. De acordo com do Decreto nº. 66/98 De 8 de Dezembro essas áreas devem-se manter intocadas e caso esteja degradada deve se efectuar a imediata recuperação.

Contudo a preocupação com a degradação das florestas ribeirinhas é relevante, e tem sido liderado no mundo por: Universidades, ONG ́S, Governos, Ministério Público, e até mesmo por Empresas privadas de diferentes ramos de actuação. As proximidades de rios sempre foi condição essencial para o homem cultivar a terra, criar o gado, fundar cidades e, posteriormente montar indústrias; o desmatamento das florestas ribeirinhas, essenciais para a protecção dos recursos hídricos e do solo (Primo e Vaz, 2006).

Porém, Luís (2017), alega que situações alarmantes têm se registadas nas bermas do rio Licungo, a intensa fragmentação florestal do rio Licungo é resultante do processo desordenado de uso e ocupação do solo, influenciada pelo aumento da urbanização, extracção de lenha e carvão e pelo aumento das práticas de agricultura itinerante, sendo na sua maioria feita nas margens do rio, para além destas causas, outras actividades menos apontada são as queimadas e pastagem.

Segundo o autor supracitado, a degradação das florestas ribeirinhas do rio Licungo vem sendo verificada desde a década 80, traduzida pelo abate das árvores (exploração das áreas marginas para a prática da agricultura), atingindo proporções alarmantes ano-pós-ano. Como consequências das causas da degradação das florestas ribeirinhas tem a erosão dos solos, assoreamento dos rios, desaparecimento de certas espécies nativas, diminuição de nível do pescado, maior vulnerabilidade de extremos climáticos.

Entretanto a inexistência da vegetação protectora ao longo das margens do rio Licungo esta associado aos impactos severos registados nas chuvas intensas de Janeiro 2015 que provocaram cheias que assolaram directamente a população da província da Zambézia, em particular no distrito de Mocuba, em que o impacto mais notável verificou-se nas famílias que habitavam as zonas ribeirinhas. Vários foram os danos, destacando-se os socioeconómicos (perda de vidas humanas, casas e campos agrícolas) e ambientais (devastação e erosão). Neste contexto, em resposta ao cenário anteriormente apresentado, surge a proposta de determinar áreas prioritárias para o restabelecimento da cobertura florestal nas margens do rio Licungo, apoiada no uso de Geotecnologias (Bergamasco e Araújo, 2012).

Entretanto, várias dificuldades surgem na planificação do programa de reflorestamento (Bergamasco e Araújo, 2012). Porém, gerar um mapa com apoio de Geotecnologias para determinação de áreas prioritárias para o restabelecimento da cobertura florestal constitui uma estratégia eficiente, rápida, com menos dispêndio de recursos e necessidade preponderante directamente associada à probabilidade de sucesso efectivo na reposição da cobertura florestal (Kurtz, 2001).

Deste modo, de forma integrada, o trabalho constituirá num modelo piloto, ao nível de todo da região, no que concerne a definição de áreas para o restabelecimento florestal. No entanto, o Sensoriamento Remoto tem sido uma ferramenta muito eficiente, que vem sendo utilizada para esse tipo de análise, por possuir vantagem de usar imagens satélites e pelo seu baixo custo de disponibilidade e aplicabilidade (Paranhos, 2008).

Resumo

O presente trabalho foi desenvolvido entre os paralelos 16°15’43.92’’S e 37°13’11.64’’E correspondente a 0.662 km^2 nas margens do Rio Licungo no município de Mocuba. 

Com objectivo principal de determinar áreas prioritárias para o restabelecimento da cobertura florestal, apoiada no uso de Geotecnologias nas margens do rio Licungo. Com o auxilio de Software Quantum GIS 2.18 fez se a digitalização do leito do rio e gerou se um Buffer de de 50 metros, onde foram analisadas classes de uso e ocupação da terra com o apoio de chave de identificação, e potencialidades das APP’s através do NDVI, SAVI e WDVI, e o levantamento de espécies que ocorrem nas APP’s, a análise supervisionada permitiu determinar 8 classes de uso e ocupaçãonomeadamente: habitação, Solos exposta, infra-estrutura, agricultura, vegetação herbácea, afloramento rochoso, vegetação arbustiva e corpos de água, ocupando 3.59 ha (5.42%), 11.24 ha(16.97%), 0.37 ha (0.55%), 1.26 ha (1.91%), 30.93 ha (46.73%),12.08 ha (18.24%), 4.79 ha (7.24%) e 1.26 ha (2.21%) respectivamente, e através de NDVI, SAVI e WDVI revelaram áreas com prioridades altas (23.32 ha), moderadas (30.93 ha) e baixas (11.95 ha) para reposição da cobertura florestal.

Portanto para uma área total de 66.20 ha, 54.25 ha apresentam prioridades para reposição florestal e 11.95 ha não apresenta prioridade. Entretanto que adoptem-se políticas eficazes e eficientes de reassentamento, sensibilização, disseminação e controle das comunidades que vivem e praticam actividades que comprometam as funções das APP.



Autor: Armindo Mavehe

Palavras-chave: Geotecnologia; Áreas de preservação permanente; Floresta ribeirinha.


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