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Avaliação da Fragilidade Ambiental com apoio das Geotecnologias na concessão florestal da UniZambeze, distrito de Mocuba – Zambézia (TCC, Azido Cote)

O meio ambiente e seus recursos estão sofrendo grande pressão, gerada principalmente pelo crescimento desorganizado dos centros urbanos, uso e ocupação do solo, e por um grande número de actividades exploratórias de alto impacto ambiental, como por exemplo, pecuária extensiva, agricultura convencional, desmatamento, drenagem de áreas húmidas e monoculturas em grandes áreas (Bolf, 2004).

Para Franco et al. (2013), os sistemas ambientais podem responder de diferentes maneiras às intervenções humanas nas componentes da paisagem, como relevo, solo, clima, recursos hídricos e cobertura vegetal. Os referidos autores, afirmam que, mapear a fragilidade ambiental permite definir áreas mais frágeis e que merecem maior atenção, pois sua má utilização pode resultar no comprometimento de todo o sistema.

Com isso, as análises ambientais têm como base as condições da paisagem e as características naturais da região, considerando principalmente informações como declividade, pedologia, intensidade pluviométrica, uso da terra e cobertura vegetal, de forma a viabilizar uma efectiva gestão ambiental (Bojórquez-Tapia et al., 2013; Martín-Duque et al., 2012; Ross, 2012).

Nesse contexto, o uso de Sistemas de Informações Geográficas (SIG’s) torna-se importante, pois possibilita análises espaciais, cruzamentos de planos de informações de forma organizada e criteriosa, processamento e armazenamento de dados georreferenciados referentes a grandes áreas, produção de informações de alto valor técnico, compondo um banco de dados geoespacial (Aragão et al., 2015). Segundo os mesmos autores, o uso da ferramenta resulta em mapas temáticos, plantas de situação, e respostas a consultas ao banco de dados, que são o diferencial seguro para tomadas de decisões quanto ao uso adequado de determinadas áreas.

No entanto, o mapa de fragilidade ambiental pode ser utilizado por pequenos proprietários e produtores rurais, uma vez que possibilita a avaliação das características ambientais de forma integrada, considerando suas potencialidades e restrições (Kawakubo et al., 2005). Para ser efectivo, o planeamento das formas de uso e ocupação da terra deve considerar a fragilidade do ambiente à degradação, monitorando processos que afectam directamente o fornecimento de bens e serviços ambientais, como características relacionadas à erosão do solo, assoreamento de cursos de água e perda de biodiversidade (Tomczyk, 2011).

Desta forma, o Sensoriamento Remoto tem sido uma ferramenta muito eficiente, que vem sendo utilizada para esse tipo de análise, por possuir vantagem de usar imagens satélites e pelo seu baixo custo de disponibilidade e aplicabilidade (Paranhos, 2008). Podendo subsidiar a tomada de decisão no planeamento ambiental estratégico, com o intuito de contribuir no entendimento de processos de degradação ambiental da floresta de Munhiba (Concessão Florestal da UniZambeze), objectivando proteger a diversidade biológica da região, disciplinar o processo de uso e ocupação da terra, e assegurar o uso sustentável dos seus recursos naturais.

Problema e justificativa

Desastres naturais são causados pelo impacto de um fenómeno natural de grande intensidade sobre área ou região povoada, podendo ou não ser agravado pelas actividades antrópicas (Castro, 2003).

De acordo com o Portal Do Governo (2018), o distrito de Mocuba confronta-se com o problema de desmatamento, praticado pelos operadores florestais e os singulares para a produção de carvão e lenha, incêndios florestais que deixam nuas extensas áreas, erosão e a estiagem prolongada que reduz a massa verde de consideráveis zonas, como são os casos das localidades/comunidades de Munhiba, Soroco, Mucharru, Caiave e Murotone.

Para Bernardo (2013), necessita-se que medidas preventivas sejam executadas conforme um programa de gestão de riscos. O mesmo autor, afirma que, dentre essas medidas, pode-se citar o uso de ferramentas Geotecnológicas e estudos preditivos da fragilidade ambiental, viabilizando a identificação de áreas de maior probabilidade de ocorrência de desastres naturais.

Segundo Gonçalves et al. (2011), factores externos de ocorrência não natural, ou a acção antrópica exercida nesses ambientes, permitem aferir o nível de degradação causada, aplicando, por exemplo, estudos de fragilidade ambiental, os quais constituem um importante instrumento no planeamento ambiental estratégico.

Com isso, fica evidente que os estudos de fragilidade ambiental poderão proporcionar melhor definição das directrizes e acções a serem implantadas no espaço físico-territorial (concessão florestal da UniZambeze), servindo de base para o zoneamento ambiental e fornecendo subsídios à gestão do território, cujo objectivo seja minimizar os efeitos negativos de possíveis desastres naturais, tais como, cheias, erosão, deslizamentos de terra e desertificação (Spörl & Ross, 2004).

Resumo

O presente trabalho foi desenvolvido na concessão florestal da UniZambeze, situada nalocalidade de Munhiba, posto administrativo de Mocuba-Sede, distrito de Mocuba, província da Zambézia. Com o propósito de avaliar a fragilidade ambiental, com apoio das Geotecnologias, por meio da integração das variáveis: declividade, solos, uso e cobertura da terra/solo e precipitação, com o intuito de contribuir no entendimento de processos de degradação ambiental para proteger a diversidade biológica e assegurar o uso sustentável de seus recursos naturais.

Os resultados obtidos, mostraram que a área de estudo apresenta sete (7) classes de uso e cobertura da terra/solo, nomeadamente: Floresta Nativa (90,62%), Agricultura (6,82%), Afloramento Rochoso (1,14%), Corpos de Água (0,76%), Solo Exposto (0,58%), Habitação (0,04%) e Plantação Florestal (0,03%). 

Determinou-se cinco (5) classes de declividade, sendo: Muito baixa (85,98%), Baixa (11,69%), Média (1,08%), Forte (0,79%) e Muito forte (0,47%). Representada uma classe de intensidade pluviométrica, sendo: Muito Baixa a Nula, com média anual do histórico entre os anos 2008 a 2017 (10 anos) de 1 150,27 mm. A classe de solo com maior predominância foi representada pelo solo Franco-argilo-arenoso, castanho amarelado (classe de fragilidade Baixa). Para a fragilidade potencial, predomina na área de estudo a fragilidade potencial Baixa (97,67%), seguida da fragilidade potencial Média (2,33%).

Quanto a fragilidade emergente, verificou-se o predomínio dos níveis de fragilidade emergente Baixa (91,37%), seguida de fragilidade emergente Média (7,36%) e fragilidade emergente Alta (1,27%). Chegando-se a conclusão, que a concessão florestal da UniZambeze apresenta grande predomínio de fragilidade baixa e pequenas áreas com alta fragilidade.

Autor: Azido Cote

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Palavras-chave: Planeamento territorial, Fragilidade ambiental, Geotecnologias.



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